Sobre o autor

Filho de italianos, Hugo Di Domenico nasceu em Lorena em 4 de agosto de 1914. Cursou medicina na Faculdade do Rio de Janeiro e ao formar-se veio por influência do médico José Cembranelli morar em Taubaté no ano de 1937.

“Eu sinto como se tivesse nascido em Taubaté. Ela está dentro da gente. Nossa formação interna é baseada em todos os acontecimentos aqui de Taubaté”, contou Hugo em uma de suas entrevistas ao Almanaque Urupês.

Residindo no município, tornou-se diretor do Pronto de Socorro do Hospital Santa Isabel (hoje Hospital Regional), foi chefe da clínica médica de mulheres e do Departamento de Patologia. Foi professor do curso de medicina da Universidade de Taubaté. Clinicou também até os 99 anos em seu consultório na rua XV de novembro.

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Foto: Almanaque Urupês

Além da medicina era também um apaixonado pela língua tupi.

“Eu sempre fui um amante do estudo comparativo das línguas, desde o tempo do colégio. [..] Mas na Faculdade eu comecei a perceber, tomar consciência de que o Brasil tinha milhares e milhares de palavras de origem indígena e o brasileiro não conhece nem o significado de uma palavra, nem da cidade em que ele nasceu e muitas vezes nem do nome que ele leva, que é um nome indígena.” trecho retirado da entrevista ao Programa Sincovat em maio de 2011.

Acreditava que era impossível compreender a língua portuguesa por completo sem ao menos conhecer as palavras de origem indígena.

“Não é que eu queira que toda criança fale tupi. Mas desejo que os estudantes entendam a influência do tupi na nossa língua”, disse ele em uma entrevista no jornal Folha de São Paulo.

(O estudo do tupi) é um trabalho profundo, demorado, cauteloso e a  figura do Dr. Hugo de Domenico é de um importância primordial para o estudo da língua tupi no município de Taubaté.” conta a paleógrafa Lia Carolina.

Passou a vida colecionando palavras da língua indígena que resultou na publicação de três dicionários: Topomínia e Nomenclatura Indígenas de Taubaté, Fotonímia e Zoonímia Indígenas do Município de Taubaté e este Léxico Tupi-Português.

Em entrevista ao jornal A Gazeta de Taubaté, em junho de 2013, Dr. Hugo contou que o Dicionário Léxico Tupi-Português seria sua “obra prima. Foram poucas cópias (impressas), quase todas doadas. Fico muito orgulhoso de ter conseguido publicar”

Além desses, escreveu outros 11 livros. Foi diretor do Departamento de Cultura da Associação Paulista de Medicina de Taubaté, da Prefeitura e do Taubaté Country Club. Foi da comissão organizadora da escola de Belas Artes de Taubaté e da Sociedade de Filosofia, Ciências, Letras e Artes. Foi sócio do clube dos Trovadores de Taubaté e pertencia as academias de letras de Taubaté e de Lorena.

Humilde diante do enorme legado, Hugo de Domenico deixou um recado: “Eu gostaria apenas de ser lembrado como um profissional que cumpriu com seus deveres”.

Texto retirado de Almanaque Urupês

Do autor

  1. Manual Prático de Ondas Curtas em Medicina (em colaboração com G. Lapawa).
  2. Virgílio Varzea. – Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 5, nº 10, 1969
  1. Cruz e Souza – Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 81, 01/1973
  1. Poemas
  2. Considerações sobre a etimologia do topônimo Taubaté. – Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 86, 09/10-75
  1. Toponímia e Nomenclatura Indígenas do Município de Taubaté (Taubateana – nº 3)
  2. O Topônimo Pindamonhangaba, em razão de sua etimologia  e dentro do quadro da primitiva penetração civilizadora do Vale do Paraíba (Preleção no Curso de História de Pindamonhangaba, promovido pelo Conselho Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba).
  3. Fitonímia e Zoonímia Indígenas do Município de Taubaté.
  4. A Variante Tabebaté (seu ajustamento e valor etimológico no estudo do topônimo Taubaté). (Ângulo-cadernos das Faculdades Integradas Teresa D’Avila – Lorena 1988. nº 37, jan./março)
  5. Ensaio lingüístico – O Dual. A Dualidade.  (Rev. Ângulo. nº 23-24-Lorena)
  6. A Medicina no Folclore.
  7. Caminhos da Alma (Poesia em prosa e verso).
  8. Estudos de Tupi.